A nova educação ou o despertar os professores

Sem paciência para escrever sobre este "Perfil dos alunos..." (é sempre mais do mesmo: um novo governo, uma nova equipa no ministério da educação, mais uns papéis, mais umas quezílias, orientações para aqui, comunicados para acolá, agora é mais um perfil, cada equipa ministerial cada perfil, é só andar uns anos para trás para encontrar vários outros "perfis" (aqui e aqui e aqui, a título de exemplo...); sem paciência (não gosto de escrever com o verbo lavajar), dizia, optei por ler um pequeno (mas muito curioso e interessante) livro de César Bona (histórias de quando era aluno e desde que é professor). César Bona é hoje considerado um dos melhores cinquenta professores do mundo: "encaro a escola como um lugar onde as crianças podem sentir-se muito bem, além de aprenderem, e isso é maravilhoso". Trata-se de um livro de leitura fácil, as páginas são janelas que abrem para as aulas, deixando ver os exemplos, as ideias, as situações de aprendizagem e revelando o enorme entusiasmo com que é possível viver a profissão docente: "os professores devem inspirar e desafiar, todos os dias, os seus alunos. Para tal devem ser também seres curiosos, movidos pelo desejo de aprender". Podia fazer muitas outras citações. Fico-me por uma última (p.162): uma opinião polémica que se aplica a Portugal que nem uma luva, esta: "As escolas rurais, e sobretudo as escolas pequenas com turmas mistas, têm algo muito especial. Da sua manutenção dependem muitas aldeias, porque sem escola as crianças não podem ir para lá, e sem crianças a aldeia morre. Quando oiço dizer que uma escola com menos de cinco crianças não pode subsistir, que não é rentável porque precisa de um professor, fico com urticária. A escola é uma porta para novas famílias e incentiva as que já lá estão a permanecerem. É a chave que preserva a existência de muitas aldeias com encanto...".