Vejo e sinto o tempo-presente


Parei de ler Jurgen Habermas ("O discurso filosófico da modernidade") logo que esbarrei numa referência a Walter Benjamin: "Enquanto Baudelaire se satisfizera em pensar que a constelação de tempo e eternidade se produzia na genuína obra de arte, Benjamin pretende retroverter esta experiência estética fundamental numa relação histórica. Forma para isso o conceito de tempo-presente em que se foram alojar estilhaços do tempo messiânico ou tempo consumado, e fá-lo servindo-se do tema da mimesis tornado como que diáfano e que era detestável nos fenómenos da moda...". Parei de ler, lembrei-me de Asja Lacis e da importância que ela teve na vida e na obra de Walter Benjamin. Escolhi uma imagem que me inspirasse a escrita, e vai de pensar em belas histórias de amor. Abundam por aí as estórias de amor? Sim abundam, podemos dizer que sim, muitas delas até constam do Velho Testamento, a de Jacob e Raquel, por exemplo. Muitas outras (tantas e quantas e quantas e tantas) vivem na literatura, no teatro, no cinema, na ópera, na televisão. Mas não é isso que agora me interessa, o que agora me interessa não são as estórias, as paixões inventadas ou romanceadas, interessam-me as histórias de amor (que não são estórias, que nada têm a ver com ficção), as que são únicas, genuínas: aquelas que em determinado momento da vida se acendem entre dois seres como faísca e (literalmente) lhes dão sentido à vida. Se conheço alguma? Sim, conheço. O que vejo na imagem? Vejo movimento e luz e beleza e o peso do corpo (concentrado no ar que a emoção desloca): vejo e sinto o tempo-presente.

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