Cartinha de Biana sem siúmes


(Mensagem recebida)
Ontem, meu caro, o dia teve surpresas, várias surpresas, muitas surpresas... Fui (de convidada) à feira e falei e ri e gargalhei e comi farturas e amendoins torrados e distribuí sorrisos e até comprei mais um Santo António de Barcelos, maneirinho e alegre. Pedi-lhe que tomasse conta de mim e da minha casa. Adiante. Vi lá na feira (até estuguei o passo quando os vi) uns lenços de namorados, daqueles de Viana (de Biana, se faz favor, homessa!). Gosto e gosto e gosto de lhe "puder" oferecer um, daqueles que têm dois "curações" e com "fulores", sabe quais são, pois não sabe? Se ouvi algumas alcovitices, ah pois ouvi, claro que ouvi. Adiante que tenho de dormir, tenho de voltar a ter noites límpidas. Aposto que ainda se lembra deste seu texto, quanto eu me lembro... A frase que lhe sussurrei ao ouvido, o sabor a sal do meato, as comissuras do fuste que mais pareciam linhas repuxadas, a sua mão vadia a procurar-me e a tocar-me, os meus olhos grandes a dizer sim. sim é a minha vez, também sou gente; e depois, Santo Deus (ó céus, franja minha!), tornei-me líquida quando "a pele que há em mim" acordou! Fui eu que lhe ensinei o amor, meu caro, nunca se esqueça e lembre-se sempre... Vi ainda e também (já me esquecia) um lenço lindo, bordado com linhas-cores garridas em despique serpenteado, onde estava escrito: "Cartinha de Biana sem siúmes"...

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