Arcos-íris ao desafio são brincadeiras de fada


Morgan Weistling, Country schoolhouse 1879

Hoje e amanhã não trabalho e vou tentar sossegar a cabeça, distrair-me um pouco e passear e passear, sabe porque é que eu mereço descansar e passear? Não, não sei, respondi à pergunta intempestiva da única fada que, vestindo de cores a condizer com o dia de frio intenso, se me anunciou com uma tela meio escondida na sua mão direita, fina e maneirinha… Pois não sabe, interrompeu-me de olhos grandes soltos, que estou prestes (amanhã) a renascer de novo; já olhou para este lindo dia de sol empaneado (empaneado é uma palavra gira, vou brincar com ela, prepare-se) que anuncia o meu novo renascimento? Está prestes a renascer de novo?! Um dia de sol empaneado?! Ouvi bem?! Não pude deixar de lhe perguntar, tal era a minha surpresa. Sabia da sua dificuldade em entender que eu já vivi várias e diferentes vidas, sussurrou-me, e por isso lhe trago uma tela pintada pelo Morgan (há muito pouco tempo) a partir do relato de um pormenor (curioso) das minhas memórias do fim do século dezanove…, e mostrou-me uma tela lindíssima. Ainda eu me preparava para lhe perguntar se ela tinha sido professora e se tinha gostado da experiência, quando ela, sorrindo feliz, me garantia que não; que apenas tinha sido convidada para ir a uma escola, situada num vale lindíssimo, no dia em que as alunas e os alunos tinham que fazer uma composição sobre a beleza viva em movimento; ponha os olhos, incentivou-me, nas suas lindas expressões espantadas, absortas, divertidas enquanto eu lia (atente no meu cabelo apanhado e no gesto da minha característica mão direita) um dos meus anteriores renascimentos num livrinho de capa dura… Quando ela, tamborilando as palavras ao de leve, disse “uma composição sobre a beleza viva em movimento”, até o Sol se empaneou de cores vivas alinhadas em círculos perfeitos... Arcos-íris ao desafio são brincadeiras de fada.

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