Solilóquio de fada-sensível

Sim, é verdade, agora tenho um ofício (de que gosto muito) mas já vivi no mar. Tenho o ofício de dar rédea solta à inteligência germinal e terrena das palavras, para que ela possa responder à fala das coisas e da vida: à verde expressão da natureza e aos meus olhos grandes. Fico muito contente quando as palavras se conseguem escapulir das páginas cobertas de letras para os prados sussurrantes, para uma conversa divertida com uma formiga que carrega um grão de arroz caído nas ervas…, e até me envaideço quando as palavras me roubam as curvas do meu vestido verde-limo. Adoro ter este ofício e, por enquanto, ligo pouco ao "Efeito Flynn". Faço, isso sim, com que os sentidos daqueles que eu amo, acordem para o mundo. Acordem para o mundo, sentindo a inteligência das aves com os seus músculos emplumados a ajustarem-se ao vento, escutando raízes à procura de água, tacteando a minha pele em dias de pôr de sol fluvial e divertindo-se com os caranguejos eremitas em busca de refúgio... Eu sou assim, que se há-de fazer?!

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