Via Graça (1)

Estava concentrado na ideia de iniciar a escrita de uma linda história, há mais de uma hora. Não parava de pensar se conseguia encontrar um ponto seguro de partida. As palavras começavam a brincar às escondidas nesta página até que surgiu, inesperadamente, a expressão "via graça" e tudo ficou resolvido.
Ficou resolvido porque via graça pode significar momentos de intimidade e proximidade, num jantar escolhido (por quem?) para facilitar o encontro de dois seres que se conheciam desde o início dos tempos. Nesse jantar, seguiram-se trocas de palavras, ligeiros sorrisos e acenos de cabeça. Uma forma sufocante de boas maneiras, ou talvez timidez ou nervosismo, parecia impedir que ambos dissessem o que sentiam. E o que sentiam (num ambiente de omnipresença de subjectividade) era um arquipélago de perguntas (ou de recordações?) que alimentavam a sua convicção íntima de que estavam destinados a escrever uma biografia terrestre em conjunto.
Hoje podemos ficar por aqui, dizendo que o tropel de perguntas inconscientes e atabalhoadas fez com que esse jantar tivesse sido um misto de uma promessa e de uma manhã…
Porque tudo o que podiam fazer, era esperar! 

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